O Facebook já tinha ferramentas de prevenção ao suicídio, mas precisava de algo mais proativo, por assim dizer. A nova tecnologia estava sendo testada há algum tempo nos Estados Unidos e, nesta semana, passou a funcionar em outros países, com exceção para aqueles que fazem parte da União Europeia: as leis de privacidade online da região impendem o acesso a informações pessoais sensíveis. Para funcionar, o sistema de inteligência artificial precisa, de fato, explorar a intimidade do usuário dentro da rede social. O algoritmo pode analisar postagens públicas, mensagens trocadas via Facebook Messenger e transmissões ao vivo para identificar padrões que sugerem comportamento suicida. É claro que a tecnologia deverá agilizar as denúncias sobre riscos de suicídio que chegam ao Facebook, mas a ideia é detectar comportamentos ligados ao problema o quanto antes, mesmo que nenhum usuário tenha dado o alerta. Faz bastante sentido. Frequentemente, uma pessoa que pensa em se matar faz postagens subjetivas, que nem sempre deixam claro a sua intenção. A pessoa pode, por exemplo, dizer que ninguém se importa com ela ou postar imagens tristes. São comportamentos comuns, que indicam momentos de tristeza, mas não necessariamente de suicídio. Por isso, é difícil suspeitar de algo drástico.

O desafio do Facebook é utilizar a inteligência artificial para cruzar essas informações com outros comportamentos e disparar o alerta. Qualquer sinal pode ser analisado, até mesmo postagens de contatos perguntando coisas “você está bem?” ou “posso ajudar?”. São várias as abordagens que o Facebook adota para prevenir suicídio. Um usuário que reporta uma situação de risco, por exemplo, poderá receber instruções sobre como agir para ajudar. Já a pessoa com comportamento preocupante poderá receber notificações de apoio, com instruções como falar com um amigo ou procurar uma linha de ajuda — no Brasil, o Facebook tem parceria com o Centro de Valorização da Vida (CVV). Mas o principal objetivo é agilizar o acionamento de serviços de emergência ou entidades de apoio. O Facebook estima que, com as novas ferramentas, as autoridades locais podem ser notificadas até duas vezes mais rápido.

Obviamente, a tecnologia não faz isso sozinha, afinal, pode haver falso positivo. O sistema detecta uma situação de risco ou recebe uma denúncia, aciona uma equipe de revisão e esta, se necessário, contata os serviços de emergência. Nesse sentido, o algoritmo de inteligência artificial cumpre o papel de agilizar o trabalho das equipes, podendo, por exemplo, destacar trechos de vídeos que sinalizam para um comportamento preocupante. Mesmo com toda a tecnologia, a sensibilização humana continua sendo importante na prevenção do suicídio. Ao notar comportamento depreciativo (como bullying) ou posts que incentivam automutilação, por exemplo, é importante denunciar ao Facebook o quanto antes. De igual forma, é importante não tratar como “frescura” ou “besteira” o comportamento de conhecidos que indicam risco de suicídio. Geralmente, pessoas que tiram a própria vida não o fazem pela vontade de morrer, mas pela percepção de que não há outra solução para os problemas que as afligem. Nessas circunstâncias, uma simples conversa pode ajudar a evitar o pior.

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