Trata-se de uma ação aberta em conjunto com David Gudeman, engenheiro que foi dispensado pelo Google no final de 2016. Mas o processo, de acordo com o escritório de advocacia Dhillon Law Group, visa representar todos os funcionários que se sentiram discriminados pelo Google por terem visão política conservadora, serem do sexo masculino e pertencerem à raça caucasiana.
No manifesto, Damore argumenta que as mulheres são menos presentes nas áreas de tecnologia por serem mais inclinadas aos sentimentos e, assim, preferirem trabalhos em áreas sociais ou artísticas. Ele também alega que as mulheres têm menos tolerância ao estresse, o que explica a menor participação feminina em cargos avançados. O engenheiro afirma ainda que os esforços do Google para estabelecer a diversidade criaram uma “monocultura politicamente correta” que humilha quem pensa diferente das ideias promovidas. Era para ser um documento interno, mas as ideias colocadas ali são tão polêmicas que o manifesto acabou “vazando” rapidamente. A consequência não poderia ter sido outra: James Damore foi demitido. O assunto gerou tanta repercussão que Sundar Pichai, CEO do Google, publicou uma carta dizendo que apoia o direito dos funcionários de se expressarem, mas que partes do manifesto violam o código de conduta da companhia. Mas, para Damore e Gudeman, o Google marginaliza, menospreza e pune funcionários que expressam pontos de vista políticos diferentes da visão que a maioria tem ali. A empresa teria inclusive mantido listas negras de empregados conservadores e de pessoas com visão similar que estariam proibidas de visitar o campus do Google.
A ação também dá a entender que os esforços do Google para promover a diversidade acabam criando injustiças. Damore e Gudeman afirmam, por exemplo, que a empresa pressiona abertamente gestores das unidades de negócios que não conseguem atender às porcentagens mínimas de contratação de mulheres e candidatos vindos de minorias. Vale frisar que David Gudeman não teve envolvimento direto com o caso do manifesto. O engenheiro foi demitido do Google em dezembro de 2016 por conta de uma investigação iniciada após ele responder com ceticismo a uma mensagem de um funcionário muçulmano preocupado com a sua segurança por conta da então recente eleição de Donald Trump. À Wired, um representante do Google informou que a “empresa está ansiosa para se defender do processo de Damore no tribunal”. Com informações: TechCrunch, The Guardian.