Criado pela plataforma para garantir que as pessoas pudessem continuar a se expressar com liberdade e segurança na rede social, o Conselho de Confiança e Segurança era atualmente formado por mais de 100 organizações e especialistas. Grupo de consulta externa, ele debatia sobre uma vasta gama de questões controversas da rede social, que iam desde assédio, intimidação, suicídio e exploração infantil, até discurso de ódio. Com mero caráter orientativo, suas avaliações podiam ou não ser acatadas pela empresa, já que o conselho não tinha nenhuma autoridade para tomar decisões na plataforma. De acordo com a Associated Press, que conversou com membros do conselho que preferiram não se identificar por medo de represálias, o anúncio de dissolução foi enviado apenas sob a assinatura genérica de “Twitter”. Na mensagem, a empresa explicava estar reavaliando a melhor forma de trazer informações externas para suas decisões, já que acreditava que o conselho não era a melhor estrutura para isso. “Nosso trabalho para tornar o Twitter um lugar seguro e informativo será mais rápido e mais agressivo do que nunca e continuaremos a receber suas ideias daqui para frente sobre como atingir esse objetivo”, afirmava um trecho do e-mail enviado.
Elon Musk e Conselho travavam atrito público
Apesar de abrupta, a decisão de dissolver o conselho foi só a ponta do iceberg de uma conturbada situação que vinha se desenrolando entre seus membros e Elon Musk, o novo CEO do Twitter. Desde outubro, quando o magnata comprou a rede social, algumas rachaduras já podiam ser observadas na relação do grupo com o empresário. A primeira delas foi a declaração dada por Musk, tão logo assumiu o novo cargo, de que desejava formar um novo conselho de moderação, em detrimento do que já existia na plataforma. Apesar de ter se arrependido da ideia pouco tempo depois, o bilionário continuou tomando algumas atitudes controversas na plataforma que esbarravam na ideia de segurança defendida pelo conselho. Uma delas, por exemplo, foi a de permitir o retorno para o Twitter de figuras banidas da rede social, como o ex-presidente dos EUA, Donald Trump, e o neonazista, Andrew Anglin. A gota d’água da situação, no entanto, ocorreu na última quinta-feira, quando após agendarem a fatídica reunião de segunda, em que havia a promessa de uma conversa aberta, três importantes membros do conselho decidiram deixar o grupo. Em carta aberta divulgada no Twitter, o trio afirmou que ao contrário do que Musk dizia, a segurança e bem-estar dos usuários da rede social estavam ameaçados. Uma declaração prontamente respondida pelo CEO, que rebateu os envolvidos, os criticando por supostamente não fazerem nada para impedir a exploração sexual infantil na plataforma em gestões anteriores. Os apontamentos de Musk geraram indignação entre alguns usuários, que conduziram uma série de ataques virtuais aos antigos membros do conselho. Como resposta, ainda na segunda-feira, os membros remanescentes se manifestaram através de um e-mail enviado ao Twitter, onde pediam que Musk parasse de deturpar o papel que o grupo de consulta possuía. O pedido, somado à toda a confusão, parece não ter agradado muito ao chefão da rede social, que poucas horas depois oficializou a dissolução do conselho. Com informações: HuffPost