A internet 5G pode interferir em aviões?O que é Banda Ku, Banda Ka e Banda C?
O documento afirma que, em um dia comum, 1.100 voos poderiam ser cancelados, afetando 100 mil passageiros. Segundo a United Airlines, o 5G poderá resultar em restrições significativas em aeronaves como 787, 777 e 737, da Boeing, bem como aviões regionais de grandes cidades. O uso da banda C estava programado para dezembro, mas foi adiado para esta semana. AT&T e Verizon pagaram US$ 65 bilhões pela frequência em um leilão no ano passado. As operadoras precisam da banda para absorver o tráfego extra, já que o 3G será desligado no mês que vem. A carta foi obtida pela agência de notícias Reuters. Ela é assinada por CEOs da American Airlines, Delta Air Lines, United Airlines, Southwest Airlines e outras e foi encaminhada ao Conselho Econômico Nacional da Casa Branca, à Secretaria de Transportes, à Administração Federal de Aviação dos EUA (FAA, na sigla em inglês) e à Comissão Federal de Comunicações (FCC).
Risco de interferência em altímetros
O grande problema é que a banda C do 5G, que opera no espectro entre 3,7 GHz e 3,98 GHz, pode causar interferência nos radio-altímetros, que operam por ondas de rádio entre 4,2 GHz e 4,4 GHz. Este instrumento é necessário para a precisão na hora do pouso, principalmente em situações de visibilidade limitada. Se ele não funcionar direito, as consequências podem ser trágicas, como no acidente da Turkish Airlines na Holanda em 2009, que deixou nove mortos e 120 feridos. “Quando implantado próximo a pistas, os sinais de 5G podem interferir em equipamentos cruciais de segurança que orientam os pilotos durante pousos e decolagens em condições climáticas adversas”, disse a United Airlines em comunicado enviado ao site The Verge. A FAA se opôs à autorização da FCC para usar essas bandas de rádio recém-abertas. No entanto, é válido ressaltar que já houve a implementação de banda C em quase 40 países sem registros de falhas de altímetro, como reporta o grupo 5G And Aviation.
Enquanto isso, no Brasil…
No início de janeiro, publicamos uma notícia sobre os esforços da Embraer para investigar possíveis interferências do 5G na aviação. O caso veio à tona justamente devido à polêmica levantada em dezembro, com o adiamento da implementação do 5G na faixa de 3,5 GHz nos EUA a pedido das empresas de aviação. A Embraer também pediu o apoio da Anatel para conduzir testes que assegurem o uso das faixas leiloadas dentro do cronograma previsto. A previsão da autoridade de telecomunicações é de que o estudo não traga qualquer alteração nos prazos de implementação do 5G no Brasil, visto que o espectro leiloado para uso comercial vai de 3,3 GHz a 3,7 GHz — o que deixa uma banda de guarda, isto é, sem uso, de 500 MHz até a frequência utilizada pelos altímetros. Desse modo, as grandes empresas Claro, TIM e Vivo, além das operadoras regionais que compraram licenças na frequência de 3,5 GHz, deverão instalar pelo menos uma antena para cada 100 mil habitantes em todas as capitais brasileiras até a metade de 2022.