Saber, sabe. Nomes de usuários, localização, curtidas e por aí vai. Mas esses são os dados básicos. O que o Facebook desconhece é a extensão disso. Certamente há mais detalhes envolvidos, muitos obtidos com o cruzamento de informações.
De acordo com Sandberg, uma investigação interna específica sobre quais dados estão nas mãos da Cambridge Analytica só será possível quando autoridades do Reino Unido (a Cambridge Analytica tem sede em Londres) concluírem a apuração que estão conduzindo sobre o escândalo. É uma situação extremamente delicada para o Facebook porque, quanto mais se cava, mais sombria a história fica. Em outra linha de investigação, a própria companhia revelou que dados de 87 milhões de usuários foram coletados pela Cambridge Analytica, não 50 milhões, conforme previam as primeiras apurações. Desde que o caso veio à tona, o Facebook vem anunciando medidas para pelo menos amenizar os estragos, como deixar de usar dados de empresas como Experian para direcionar anúncios e simplificar a ferramenta que permite ao usuário remover apps conectados à sua conta. Outras iniciativas incluem averiguar se não há mais aplicativos coletando dados de modo indevido (alguém duvida?) e desenvolvimento de ferramentas para coibir manipulações que possam influenciar nas próximas eleições de países como México, Estados Unidos e Brasil. Antes tarde do que mais tarde. Mas Sandberg deu a entender que mais mudanças estão por vir. “Há aspectos operacionais que precisamos mudar nesta empresa e que já estão sendo trabalhados. Temos que aprender com nossos erros e agir”, disse ao Financial Times.
Causou estranheza o fato de Sheryl Sandberg ter demorado a se manifestar. As atenções recaíram sobre Mark Zuckerberg por motivos óbvios, mas, como diretora de operações, ela ocupa um papel fundamental no Facebook. Sandberg explicou, porém, que ela precisava ter certeza do que a companhia sabia sobre o caso antes de se pronunciar. Sheryl Sandberg é uma executiva bastante experiente. Ela é COO do Facebook há dez anos e, antes disso, ajudou a construir a divisão de publicidade do Google (da qual a companhia é fortemente dependente até hoje). Essa experiência talvez seja a chave do Facebook para sair dessa enrascada. Só não dá para esperar milagres: à NBC News, quando perguntada se o Facebook não poderia criar uma opção para o usuário determinar que seus dados pessoais não sejam usados para publicidade, Sandberg explicou que isso só seria possível se o serviço criasse uma versão paga.