O objetivo principal da CNH digital é permitir que o cidadão tenha a opção de comprovar, por meio do smartphone (Android ou iPhone), a sua habilitação para dirigir veículos (mesmo quando o dispositivo estiver sem acesso à internet). A versão eletrônica também pode ser usada para outros fins, como comprovar identidade nos embarques de voos domésticos.

Mas, apesar da praticidade, o número de motoristas que tinham a CNH digital até o início de julho correspondia a 0,36% dos cidadãos habilitados em todo o território brasileiro, como já dito. Essa porcentagem representa pouco menos de 250 mil pessoas. São Paulo começou a disponibilizar a CNH digital em março e, rapidamente, se tornou o estado que mais emitiu o documento. Mesmo assim, a adesão na região também é baixa: somente 50 mil motoristas solicitaram o documento até agora, aproximadamente. De acordo com a apuração do Estadão, uma das explicações para a baixa adesão está justamente nos procedimentos de solicitação. Em primeiro lugar, é preciso ter uma CNH impressa com QR Code. Esse recurso só está disponível nos documentos emitidos a partir de maio de 2017; quem tirou ou renovou a CNH antes disso deve pedir uma segunda via, que é paga (não é necessário esperar o documento vencer para solicitar). Depois, é preciso comparecer a uma unidade de atendimento do Detran para fazer validação cadastral. O procedimento só pode ser realizado no próprio smartphone por quem tem o e-CPF (um certificado digital). O problema é que, na sua versão mais simples, o e-CPF tem validade de um ano e custa cerca de R$ 100. Dificilmente alguém vai desembolsar esse valor só para ter a CNH digital. Outra dificuldade é a falta de informação. Dúvidas a respeito de procedimentos de solicitação e aceitação da CNH digital ainda são muito frequentes. Também há casos de motoristas relatando dificuldades técnicas para fazer o aplicativo do documento funcionar no celular — mais de 2 milhões de downloads já foram feitos, mas o número de smartphones com CNH digital ativada não chega nem a 13% disso.

Responsável pelo aplicativo, o Serviço Federal de Processamento de Dados (Serpro) foi questionado pelo Estadão a respeita da baixa avaliação da ferramenta na Google Play Store e na App Store. Para o órgão, a baixa pontuação nesses serviços pode estar associada a cidadãos que procuram a CNH digital, mas não conseguem fazer a solicitação por terem uma versão imprensa do documento sem QR Code. Ainda que sem entrar em detalhes, o Serpro também explicou que uma nova versão da CNH digital está a caminho e incluirá dados do veículo, o que deve tornar o documento mais interessante.

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